quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Respostas


Acho que gritei demais para conseguir o que queria;
Junto a esta chama insconstante de incompreensão,
onde a tatuagem ardia e agora não quer mais arder. 
Achava um suspiro rouco nas suplicas dos teus dedos;
Que sempre encontravam meus lábios ao avesso 
e agora revelaram a minha efêmera eternidade. 

Nunca foram disparadas armas, 
mas, sim, houve o desarme da defesa incompleta. 
Não existia guerra onde escontraste a fraqueza. 
Era somente eu e ninguém mais.

Não reparei em quase nada além do som dessa madrugada 
que pulsava forte quando chegava perto. 
Era só um suspiro desprometido no deserto, 
um vulto no abismo que esperneava a contradição.
No teu peito, do teu jeito, sem respeito, me esquecia.

Você não permitia a disritmia 
que era tão previsível em alguém imprevisível demais. 
Me puxaste para dentro deste casebre escuro e belo, 
esperando que mais um não seja a conta da hipocrisia. 
É nessa ideia, neste dia, que você me desdobra sem saber quem é. 
Foram terços, braços, becos, mãos. 
Certo dia - já não me lembro quanto tempo faz.

Lara J.

Em ti


Diz se em ti não tem um pouco de cada alguém. Uma alma de retalhos, um pouco de fortes, não importando se são fracos, não importando se são humanos. Diz se de ti não sai um pouco de teu, criando um ao lado que é todo pedaços seus. Diz, meu bem, se o que perde e o que te ganha, o que te consome e o que te esbanja, não é um pouco de você. Pega a ti mesmo e parte ao rumo, para que o mundo pense que te faz, enquanto tu fazes o rumo. Antes colcha de retalhos que pão mofado. Antes ser livro fechado que livro aberto de páginas brancas. Vem abrir e se aquecer, vem. 
Lara J.

Portas



Odeio que batam as minhas portas, principalmente no meu nariz, fazendo aquele som insuportável de mundo desmoronando. Parece que não batem somente a porta, mas batem a mim também, uma cascata de desalinho e perturbação. Trinco os ouvidos, contraio os dentes e você ainda abre a porta para bater de novo. Eu quero a chave de mim novamente.

Lara J.

Almas livres



Entender as pessoas sempre é algo complicado. Sendo as pessoas sentimento, tudo o que se pode dizer delas é resultado de um mergulho opioso entre o que ela nos diz e o que queremos encontrar. Ainda mais denso é o adentrar em pessoas de alma livre, esta gente libertadora que, para sintonizarmos a nossa alma com a delas, nos fazem alma livre também. Sem medo da incoerência, deixando a arrogância das traduções complexas de lado. Estas almas são palavras interessantes e puras que dispensam todo e alguma parte de segredo e nos deixam a racionalidade toda em confusão, mas que permitem respirar calmamente num corpo mais quente.

Lara J.